TEXTOS QUE PODEM SERVIR DE INTRODUÇÃO
Outrora, Ananda, havia neste lugar uma cidade rica e florescente onde se comprimia uma grande população; e perto desta cidade, Ananda, residia o senhor Kassapa 1 , o perfeito, o totalmente desperto. E Gavesin 2 era um discípulo de Kassapa, mas não observava os hábitos morais. Ora, devido a Gavesin, havia muitos ouvintes leigos que testemunhavam e, que estavam interessados, mas não observavam os hábitos morais. Então veio-lhe esta ideia: "Eu servi bem estes numerosos ouvintes leigos sendo o primeiro a me interessar; mas nem eles nem eu observamos os hábitos morais. Deste modo, há uma exata igualdade (entre nós) que não deixa a sombra de qualquer outra coisa. Vamos! Estou disposto a mais alguma coisa!" Então Gavesin foi ao encontro dos outros e lhes disse. "Sabeis que a partir de hoje sou um cumpridor dos hábitos morais." Então, Ananda, os outros pensaram cada um de per si: "Se este mestre Gavesin se torna cumpridor dos hábitos morais, por que não o seríamos nós também?"
Gavesin pensou ainda: "Deste modo ainda, há uma exata igualdade (entre nós) que não deixa a sombra de qualquer outra coisa. Vamos! Estou disposto a mais alguma coisa!" e lhes disse: "Sabeis que a partir deste dia sou um companheiro de Brahma, um que vive isolado, que se abstém da vida sexual". E eles pensaram: "Por que não o faremos também?"
Gavesin pensou ainda: "Deste modo ainda, há uma exata igualdade (entre nós) que não deixa a sombra de qualquer outra coisa. Vamos! Estou disposto a mais alguma coisa!" e lhes disse: "Sabei que a partir deste dia só tomarei uma refeição por dia, abster-me-ei de me alimentar à noite e de comer a horas impróprias" (Entre o meio dia e o nascer do sol). E eles pensaram: "Por que não o faremos também?"
Ó Ananda, Gavesin refletindo em tudo o que fizera, e os outros também, pensou: "Deste modo há verdadeiramente uma exata igualdade (entre nós), que não deixa a sombra de qualquer outra coisa. Vamos! Estou disposto a mais alguma coisa". E solicitou ao senhor Kassapa o exílio (Pabbajja) (na ordem monástica) em sua presença, e a ordenação. E os outros fizeram o mesmo; todos receberam o exílio e a ordenação, e pouco depois Gavesin tornou-se um Perfeito (Arahant, V, p. 83). Pensou então: "É um fato que eu possa obter esta beatitude suprema da liberdade, à minha vontade, facilmente, sem dificuldade. Possam somente esses outros monges a obter também!" E pouco tempo depois, os monges recolhidos, fervorosos, ardentes, resolutos, com Gavesin à frente, esforçando-se pela elevação em atingir maiores alturas, e pelas suas forças, forças mais poderosas, chegaram a realizar a liberdade suprema.
Por isso, Ananda, é que vos deveis exercitar assim: do que é alto ao que é mais alto, de uma. força a outra, esforçar-nos-emos para avançar e chegaremos a realizar a liberdade suprema. Em verdade, Ananda, é assim que vos deveis exercitar". Anguttara-Nikaya III, 215-218.
A viagem com Brahma foi perfeitamente exposta, está aqui e agora, é não-temporal. Samyutta Nikaya 567
Pela viagem com Brahma torna-se um brâmane. Dhammapada 655
No mundo são "brâmanes" os que são sem empecilhos e despertos. Udana 4
Ó monges! Esta viagem com Brahma não se realiza para enganar ou iludir os indivíduos. Não há nela preocupação de obter lucros, vantagens ou a notoriedade. Não há nela preocupação de um dilúvio de falatórios nem de ideias. "Que as pessoas me conheçam por este ou aquele nome." Não, meus monges, esta viagem com Brahma se realiza com a finalidade de abandono, com a finalidade de impassibilidade, com a finalidade de fazer cessar.
O Senhor ensinou a viagem com Brahma e não por rumores; a abstinência é sua finalidade, o abandono é sua finalidade; ela conduz à imersão no Nirvana.
É a Via seguida pelos grandes Seres, os grandes santos. Os que seguem como o ensinou o Desperto, fazendo a vontade do Mestre, porão termo ao mal. Anguttara-Nikaya II, 26, It. p. 28.
( Um brâmane, Sangarava, dirigiu estas palavras a Buda )
"Permite-me que te diga, excelente Gotama, que os brâmanes oferecem sacrifícios e conseguem que outros façam o mesmo. É por isso, excelente Gotama, que aquele que consegue que outros façam o mesmo, todos esses fazem uma obra meritória que é útil a muitos e que é devida ao sacrifício. Mas aquele que, desta ou daquela família, abandonou seu lar para viver sem lar, esse só doma um único eu 3 , só acalma um único eu, só faz atingir o absoluto nirvana (parinibbapeti) a um único eu. Ele realiza pois uma obra meritória que é útil a uma única pessoa e que é devida à sua saída (do mundo)".
— "Eu responder-te-ei, brâmane, formulando-te uma pergunta. Que pensas tu? Um Descobridor da Verdade (tathagata) surge neste mundo, um Perfeito, um totalmente Desperto, dotado de conhecimento e de boa conduta, caminhando bem, conhecendo os mundos, incomparável condutor 4 dos homens que é preciso domar, mestre dos devas e dos homens, desperto, senhor. Ele diz isto: "Vinaya — Pitakade: eis a Via, eis a estrada que eu trilhei até o momento de a fazer conhecer, tendo realizado pelo meu próprio conhecimento superior à inigualável imersão na união com Brahma. Vinaya — Pitakade, vós também, segui igualmente (a Via) a fim de que tendo realizado pelo vosso próprio conhecimento superior à inigualável imersão na união com Brahma, aí possais permanecer." É assim que o próprio Mestre ensina o dhamma, e outros o seguem para atingir este estado. Além do mais, estes são em número de várias centenas, vários milhares, várias centenas de milhares. Que pensas disto, brâmane? Sendo assim, a obra meritória que se acumula trará benefícios a um único ou a muitos?
— "Uma vez que é assim, excelente Gotama, a obra meritória que se acumula, como consequência da saída (do mundo) traz benefícios a muitos."
Anguttara-Nikaya i, 168-169.
NOTAS